quinta-feira, 24 de maio de 2012

Bullying - Papel da Família

Não há receita eficaz de como educar filhos, pois cada família é um mundo particular com características peculiares. Mas, apesar dessa constatação, não se pode cruzar os braços e deixar que as coisas aconteçam, sem que os educadores (primeiros responsáveis pela educação e orientação dos filhos e alunos) façam algo a respeito.

A educação pela e para a afetividade já é um bom começo. O exercício do afeto entre os membros de uma família é prática primeira de toda educação estruturada, que tem no diálogo o sustentáculo da relação interpessoal. Além disso, a verdade e a confiabilidade são os demais elementos necessários nessa relação entre pais e filhos. Os pais precisam evitar atitudes de autoproteção em demasia, ou de descaso referente aos filhos. A atenção em dose certa é elementar no processo evolutivo e formativo do ser humano.
Segundo Moreno (2002, p.251), os valores “são um dos traços mais importantes do aprendizado no seio familiar”. Diante do que se tem comprovado por meio de estudos e pesquisas de autores, das ciências sociais, a família é a primeira escola de saber, de civismo e cidadania, é no lar que a criança aprende a ter interesse pela vida, e ter confiança em si mesma, e acreditar que se pode seguir em frente. Educar em valores só é possível quando existe um amor verdadeiro em seu sentido mais profundo.
Segundo Pedra (2008, p.123), o afeto entre os membros de uma família é o começo de toda educação estruturada, por isso, se torna importante encontrar um tempo para a convivência saudável, especialmente com os filhos, mantendo um diálogo constante. Procurar conhecer o mundo deles e deixá-los que conheçam o seu. É essencial que os filhos encontrem em casa um ambiente de amor e aceitação, favorável a que se expressem, tanto sobre seus triunfos e suas conquistas como sobre seus fracassos e suas dificuldades, nos relacionamentos, nos estudos ou em relação a si mesmo.
Portanto é no ambiente familiar sólido que a criança deve criar relacionamentos significativos e duradouros sendo capaz de desenvolver atitudes e valores humanos, sabendo respeitar e aceitar as diferenças de cada indivíduo, assim a criança aprenderá a lidar com seus próprios sentimentos e emoções, suprindo suas necessidades de amor e valorização, valores que ajudarão no desenvolvimento de habilidades de autodefesa e autoafirmação.
“Quando a família abre mão desse aprendizado abre também espaço para a violência, para as atitudes que enfraquecem e isolam atrás de grades, muralhas e guaritas. A violência que invade ou nasce no espaço familiar se expande para todos os outros seguimentos da sociedade como uma teia de relações destrutivas que se reproduz e contamina os ambientes e as pessoas.” (CHALITA 2008 p.168)
Geralmente os pais procuram o melhor para seus filhos, acreditando que eles são capazes de sair bem em tudo que fazem, são considerados inteligentes, saudáveis, educados e desenvolvidos, despertando a vaidade e o orgulho da família, portanto, os filhos nem sempre correspondem à imagem predeterminada pelos pais. Essas crianças muitas vezes não são os melhores da sala de aula, são retraídos, tímidos, podendo ter limitações físicas, emocional ou intelectual. Geralmente na escola não é diferente, os professores esperam receber alunos bonitos, inteligentes, interessados e disciplinados. Quando isso não acontece a não aceitação pelos professores e colegas, causa grande frustração para o aluno que pode gerar a exclusão e a ridicularização.
Em muitas situações os filhos podem trazer à tona grandes sentimentos não resolvidos pelos pais somando com todas as outras frustrações não terão condições de lidar com seus próprios desejos, e agradar a outros indivíduos.
Fante (2005, pg.76) comenta que, quando os filhos são vítimas da conduta bullying no ambiente escolar, é essencial evitar não culpá-los por incidentes que estão acontecendo nas dependências escolares. Porém, o excesso de mimos pode fazer com que a criança se torne chata, egoísta ou até agressora, geralmente não conseguindo seguir as regras de viver em grupo.
Demonstrar segurança é uma forma da criança reduzir as chances de um agressor vir a escolhê-la como alvo. Os pais devem orientar os filhos a manter a postura firme, enfrentar os olhos do agressor não como afronta, mas para mostrar segurança e firmeza. Procurar ser sempre educado, desprezando as brincadeiras de mau gosto, mostrando ter coragem, não chorar, nem demonstrar tristeza. O choro pode ser sinal de fraqueza, por isso a criança deve manter o mais distante possível do agressor.
Segundo o pensamento da autora, é comum encontrar pais que, ao saber da vitimização dos seus filhos, rotula-os de “fracotes”. Infelizmente, isso acontece em muitas famílias. Não somente os pais, mas outros integrantes da família colocam a vítima em uma situação de inferioridade ainda maior, são expostas em frente a irmãos e colegas de escolas, amigos da família ou vizinhos, fazendo comentários maldosos, tornando-os responsáveis pela falta de competência para lidar com a situação difícil em que se encontra.
É importante que os pais acompanhem e direcionem a vida escolar de seus filhos, que saibam corrigi-los nos momentos certos, e estimular quando for necessário, abrindo espaço para que falem abertamente sobre qualquer tipo de agressão que tenham sofrido ou praticado dentro da escola.
Os pais não devem obrigar seus filhos a enfrentar os agressores, muitas vezes não é a melhor solução, ele pode estar frágil, com isso poderá sofrer mais. É relevante procurar descobrir de onde vem às agressões e como fazer para amenizá-las oferecendo total proteção para seu filho.
Chalita (2008, p.183-184) relata que, quando os pais descobrem que os seus filhos são agressores, é importante manter um posicionamento firme, não ignorar a situação, nem fazer de conta que está tudo bem. É essencial que eles procurarem saber como ajudá-los, falando com os professores, com a direção da escola, com psicólogos ou profissionais da área, e sempre estar acompanhando o processo de evolução e transformação desse aluno.
É possível dizer que, o diálogo e a paciência são fundamentais para que os filhos compartilhem os momentos de fragilidade. É essencial que os pais evitem repreendê-los, castigá-los ou reagir com agressividade. A criança precisa de acolhimento, carinho, apoio e compreensão mesmo tendo conhecimento do acontecido. Procurando saber o que está causando estas atitudes que pode ser um problema recente ou vindo do passado. Ainda devem procurar usar estratégia para que seu filho saia do centro da violência mostrando à importância de pedir desculpas às pessoas que agrediu, para que possa reconhecer que errou e reparar esse erro. Criar situações colocando seu filho no lugar da vítima para que possa sentir a dor e angústia do colega. E Mostrar situações pessoais que trouxeram sofrimento.
Portanto, o papel dos pais é uma experiência cheia de satisfação e sentido que dura toda eternidade. Mesmo que os filhos cometem erros, sempre haverá motivos para reconhecer os pontos positivos, as decisões acertadas e os bons momentos que compartilham juntos

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