Não seria este um momento aguardado por toda a família para curtirem juntos programas agradáveis e que o bem-estar seria a base primordial para tornar os laços afetivos ainda mais fortes entre a família? Seria talvez em outras épocas ou este propósito lamentavelmente tem sido voltado a um grupo cada vez mais restrito na sociedade atual.
Com tantos compromissos que a modernidade exige dos pais para que possam cada vez mais construir e manter patrimônios, os mesmos tem delegado suas responsabilidades insubstituíveis para terceiros, ficando estes para babás, escolas, creches, avós, tios, etc. Afinal, os pais precisam dar tudo o que há de melhor aos seus filhos (em termos materiais) e assim, como forma de “recompensa” pela presença contínua de ausência, os pais inconscientemente sobrecarregados de culpas, não economizam presentes. Estas crianças, excessivamente mimadas desconhecem o “não” e se acham no direito desde muito pequenos a fazerem tudo o que sentirem vontade, sem restrições. Não têm limites para tevê, internet, celulares, games e tudo o mais que os satisfaça.
Mas e os relacionamentos? E como está sendo o desenvolvimento fora da vida tecnológica? Qual a qualidade da vida REAL?
Com as férias, os pais precisam passar mais tempo com essas pessoas que eles pouco conhecem, pouco dialogam, pouco sabem a respeito, e então eis o problema: cadê o controle da situação? Lidam com crianças que mais curtem a vida virtual; que comem, falam e agem como querem, sem respeitar qualquer hierarquia, sem respeitar horários, entre outros. Apavorados, os próprios pais se negam a perceber que se trata de uma extensão da própria educação recebida no seio familiar e buscam pílulas mágicas para salvar a situação.
HIPERATIVIDADE tem sido esse o grande vilão nos últimos anos. Tem sido ele o grande culpado pela falta de limites das crianças da atualidade. Afinal, tendo um rótulo, um distúrbio, uma doença, um tratamento envolvido na história, isenta qualquer pessoa de responsabilidades. É fato que a hiperatividade existe, mas deve ser devidamente diagnosticada e tratada com seriedade por profissionais qualificados. O que não é aceitável é esse modismo de diagnósticos desenfreados, onde remédios são receitados indiscriminadamente como temos nos deparado freqüentemente. É necessário que os pais façam um exame de consciência, analisem bem como tem sido o seu exemplo e compromisso no processo educacional dos seus filhos. Para isso não é necessário abandonar empregos, mas sim, perceber que mais do que a quantidade, a qualidade do tempo em que eles desfrutam juntos é o que importa, e que dizer “não” é também uma prova de amor, um modo de educar, pois está preparando seu filho a lidar de forma saudável com as frustrações que a vida não o poupará por ser seu filho. Portanto, rever os conceitos seria uma das atividades saudáveis a serem incluídas nos planos das próximas férias, pois buscar remédios para controlar comportamento em plenas férias é na verdade querer nada mais, nada menos do que tentar substituir suas responsabilidades para uma babá química.