quarta-feira, 18 de julho de 2012

ARTIGO :"Hiperatividade"e as férias escolares pais desesperados

O período das férias escolares se aproxima e com elas a ansiedade e até mesmo o desespero tornam-se visíveis a maioria dos pais. Não raras são as vezes em que os pais têm lotado os consultórios psicopedagógicos e psiquiátricos em busca de uma indicação medicamentosa para cuidar do “comportamento” dos filhos, desta vez não para se concentrar nos estudos em sala de aula, mas sim em casa durante as férias escolares.
Não seria este um momento aguardado por toda a família para curtirem juntos programas agradáveis e que o bem-estar seria a base primordial para tornar os laços afetivos ainda mais fortes entre a família? Seria talvez em outras épocas ou este propósito lamentavelmente tem sido voltado a um grupo cada vez mais restrito na sociedade atual.
Com tantos compromissos que a modernidade exige dos pais para que possam cada vez mais construir e manter patrimônios, os mesmos tem delegado suas responsabilidades insubstituíveis para terceiros, ficando estes para babás, escolas, creches, avós, tios, etc. Afinal, os pais precisam dar tudo o que há de melhor aos seus filhos (em termos materiais) e assim, como forma de “recompensa” pela presença contínua de ausência, os pais inconscientemente sobrecarregados de culpas, não economizam presentes. Estas crianças, excessivamente mimadas desconhecem o “não” e se acham no direito desde muito pequenos a fazerem tudo o que sentirem vontade, sem restrições. Não têm limites para tevê, internet, celulares, games e tudo o mais que os satisfaça.
Mas e os relacionamentos? E como está sendo o desenvolvimento fora da vida tecnológica? Qual a qualidade da vida REAL?
Com as férias, os pais precisam passar mais tempo com essas pessoas que eles pouco conhecem, pouco dialogam, pouco sabem a respeito, e então eis o problema: cadê o controle da situação? Lidam com crianças que mais curtem a vida virtual; que comem, falam e agem como querem, sem respeitar qualquer hierarquia, sem respeitar horários, entre outros. Apavorados, os próprios pais se negam a perceber que se trata de uma extensão da própria educação recebida no seio familiar e buscam pílulas mágicas para salvar a situação.
HIPERATIVIDADE tem sido esse o grande vilão nos últimos anos. Tem sido ele o grande culpado pela falta de limites das crianças da atualidade. Afinal, tendo um rótulo, um distúrbio, uma doença, um tratamento envolvido na história, isenta qualquer pessoa de responsabilidades. É fato que a hiperatividade existe, mas deve ser devidamente diagnosticada e tratada com seriedade por profissionais qualificados. O que não é aceitável é esse modismo de diagnósticos desenfreados, onde remédios são receitados indiscriminadamente como temos nos deparado freqüentemente. É necessário que os pais façam um exame de consciência, analisem bem como tem sido o seu exemplo e compromisso no processo educacional dos seus filhos. Para isso não é necessário abandonar empregos, mas sim, perceber que mais do que a quantidade, a qualidade do tempo em que eles desfrutam juntos é o que importa, e que dizer “não” é também uma prova de amor, um modo de educar, pois está preparando seu filho a lidar de forma saudável com as frustrações que a vida não o poupará por ser seu filho. Portanto, rever os conceitos seria uma das atividades saudáveis a serem incluídas nos planos das próximas férias, pois buscar remédios para controlar comportamento em plenas férias é na verdade querer nada mais, nada menos do que tentar substituir suas responsabilidades para uma babá química.

A IMPORTÂNCIA DOS PAIS NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS

Ser pai é, sem dúvida, o desejo de todo homem. Ao saber que esse desejo irá se realizar, ele começa a reviver sua infância, suas fantasias, descobertas e o relacionamento dele com o seu pai; a partir dessa retrospectiva, começa a imaginar que tratamento e que educação dará ao seu filho.
Já é sabido que as duas figuras genitoras, tanto pai quanto mãe, são essenciais na vida da criança, pois contribuem para uma maior adaptação e flexibilidade mental dos pequenos. Entretanto, o que se vê na sociedade atual é a valorização centrada muito mais na figura materna, deixando de lado o papel que a educação paterna também desenvolve na complementação da educação filial.
A presença de uma figura paterna na tenra fase infantil do indivíduo é fundamental para a sua estruturação psíquica, pois promove uma identificação alternativa, ou seja, a criança não terá somente a referência materna como norte para sua vida. A relação não saudável ou a ausência do pai podem ser extremamente prejudiciais à criança, provocando desde dificuldades de adaptação às regras sociais e nas relações interpessoais, a conflitos de identidade sexual; esta última pode gerar traumas muito fortes no sujeito, sendo muitas vezes irreversíveis.
A participação dos pais nas atividades dos filhos é muito válida, pois contribuem para o desenvolvimento da afetividade entre estes, e promove uma cultura de aceitação. Corroborando com o texto, a psicóloga Melina Blanco Amarins, enfoca na literatura médica que a participação efetiva do pai na vida de um filho de forma saudável é capaz de promover segurança, autoestima, independência e estabilidade emocional.
Em dias em que os pais parecem mais apressados, cansados e estressados é muito importante que dediquem momentos aos seus filhos, seja para brincar, conversar, trocar carinhos ou simplesmente olhá-los nos olhos. Uma relação saudável entre pai e filho nunca será esquecida e a criança, na sua trajetória como adulto, a reproduzirá com seus filhos.
A tarefa de educar, transmitindo valores éticos e humanos, não é fácil. O exemplo de vida é a maior forma de ensinar aos seus filhos. Um pai relapso na educação infantil é um péssimo exemplo para os pequenos. O tempo, por menor que seja com os filhos, é muito saudável e salutar na tarefa de educar.
Em 12 de agosto comemorar-se-á o Dia dos Pais. Nesta data, convido todos os pais a refletirem sobre seu papel, sua posição familiar. Será que você está sendo um pai presente nas atividades do seu filho? Você senta no chão, conversa, brinca, abraça seu filho? Reflitamos.

Ivanilson CostaIvanilson Costa - Escritor (autor